quinta-feira, maio 14, 2009

The Secret Mozart – mistérios do clavicórdio

The Secret Mozart é um título bastante sugestivo. Lembra-me muito algo como O Código da Vinci e coisas do gênero, mas não é disso que estamos falando. The Secret Mozart é um álbum que faz parte de uma série chamada The Secret Series, que apresenta obras de grandes compositores como Johann Sebastian Bach, Wolfgang Amadeus Mozart e George Friedrich Händel tocadas ao clavicórdio.

Mas o que haveria de misterioso ou secreto nesse instrumento? O clavicórdio é mais um dos avôs do piano, assim como o cravo. Parece ter tido bastante popularidade por volta dos séculos XVI até o XVIII, tendo como característica distintiva a possibilidade de permitir certas nuances de toque, mais suaves ou mais fortes, algo que o cravo não permitia. Contudo, tratava-se de um instrumento delicado, cuja potência sonora reduzida fazia com que seu uso fosse essencialmente doméstico, não destinado a apresentação em concertos ou para grandes públicos. Bach o considerava o instrumento mais adequado para o estudo, o entretenimento doméstico e o mais conveniente para a expressão de seus pensamentos musicais mais refinados.

 A nota de apresentação dessa coleção nos dá uma ideia da importância desse instrumento para os compositores da época:


O mais expressivo dos teclados – como Michael Praetorius descreve o clavicórdio em 1619 no “Fundamentum aller Clavirten Instrumenten”, – tem sido muito frequentemente apresentado como um instrumento de último recurso, em vez de ser a primeira escolha; porém, as evidências das casas de Bach e Mozart, de Händel, Haydn e até mesmo do jovem Beethoven é de que o clavicórdio era o teclado “normal”, enquanto que o cravo, mais alto, ou o mais novo piano-forte eram empregados pela necessidade dos grandes espaços públicos.


Assim, somos lançados de encontro ao mundo privado de cada compositor – no caso Mozart. Sua intimidade. Podendo ter uma delicada noção de sua genialidade e sensibilidade.

Há ainda algo de interessante nesse disco, ou mera curiosidade, é que algumas faixas foram gravadas em um instrumento que pertenceu ao próprio compositor e está atualmente no Mozarts Geburtshaus em Salzburg.

Com a performance de Christopher Hogwood e a participação de Derek Adlam, nos duetos; certamente essa gravação irá agradar ou até mesmo surpreender os fãs e admiradores do compositor austríaco, geralmente habituados a ouvir suas obras tocadas ao piano.

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