Escrevo esta segunda parte contra a minha vontade. Receio que, sem o sincero desejo de que isso ocorresse, acabei por ofender os meus colegas "blogeiros". Mas espero que isto não seja nada além de um mal entendido, pois se não for, fica fora de meu alcance qualquer tentativa de remediá-lo.
Sinceramente, não acredito que o que eu escrevi tivesse um conteúdo tão ofensivo. Era crítico sim, mas pretendia ser uma crítica construtiva! De outra forma, não o teria feito, pois conservo dentro de mim convicções que me impediriam de fazê-lo.
O que acontece, na verdade, é que eu fiz a assustadora constatação de um processo acelerado de esvaziamento de conteúdo, não de conteúdo pessoal, mas sim, textual. É o escrever do nada para chegar a lugar nenhum! O retrato do egoísta que acredita que não possa existir sofrimento maior que o seu. Se por acaso interpretei errado, por favor, corrijam-me. Desculpem-me o trocadilho, mas estou aberto a críticas abertas.
Outro problema também, na minha modesta opinião, é a influência acadêmica que insiste em seu modelo obsoleto, mas, ainda assim, conserva-se como um "mal necessário" em nossas vidas, visto que eu não poderia ser um professor, conforme o meu desejo, sem passar por essa faculdade. E é esse modelo obsoleto de que falo que é a causa para as perguntas sobre a utilidade de um curso de Letras. Agora, veja bem, não é lamentável que os novos estudantes não tenham uma mente crítica ou que simplesmente não tenham observado tal fato?
É muito simples, vamos conservar o modelo vigente e nos lançar à completa inutilidade! Não é isso o que eu desejaria! E vocês?
O que mais me espanta, é a profunda crença de que o que eu escrevi foi direcionado específicamente a vocês. Informo-os de que o meu alvo era muito maior. Mas não pretendia atirar com flechas ou balas de verdade. Pretendia somente atirar idéias e assim, provocar novas idéias! Provocar a discussão, a mudança de opinião, e, caso eu esteja errado, pois sei que isto é possível, que me venham argumentos concretos que me convençam do contrário.
Mas pelo visto, fui mal interpretado. Meus colegas "blogeiros" receberam tudo como ofensa pessoal!
Sinto muito manifestar mais esta opinião sincera, mas quem não tem maturidade para aceitar uma crítica ao seu trabalho provavelmente não tem maturidade para escrever. Quem desconsiderar completamente a opinião alheia só dará provas disso.
Não queria iniciar conflitos nem criar inimigos. Não queria ser considerado venenoso ou perigoso, o boca maldita. Se já me consideram assim é por infantilidade!
Não creio que devo desculpas.
Mas não estou disposto a "reenviar o elevador".
Desmaterializando a obra de arte no fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca pão dormido asa de barata torta
Meu conceito parece à primeira vista
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de art-nouveau pós-surrealista
Calcado na revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez disse-me um dia
Vendo minha obra exposta na galeria
Meu filho isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno
Calcular o produto bruto interno
Multiplicar pelo valor das contas de água luz e telefone
Rodopiando na fúria do ciclone
Reinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e Basquiat
Nova Iorque me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva
Ampolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da Silibrina
Desintegro o poder da bactéria
Com o clarão do raio da Silibrina
Desintegro o poder da bactéria
Bienal(Zeca Baleiro)
Um comentário:
Mas que bom que não foi para mim ou meus amigos. Considerando que não é todo mundo que tem um blog, e que todos meus amigos tem um. Pode se deduzir que se tratava de um texto bem direcionado.
Mas sorte que não é, principalmente porque não temos de forma alguma temos esvaziamento de conteúdo textual.
Que bom esclarecer tudo isso.
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