Esses são três poemas, o primeiro já um pouco antigo, os dois últimos bem recentes. Nenhum deles foi composto de forma isolada. Canto num salão vazio é uma espécie de introdução para uma historinha cômica, também escrita em versos, que envolve um dragão, um rei, uma rainha má e um cavaleiro. Aladar e Ialla são personagens de uma história mais longa de uma viagem em um universo fantástico. Na primeira versão dessa história havia apenas Ialla, a rainha da Cidade Dividida; já na segunda, o herói troca o nome e passa a se chamar Aladar, em vez de Alfredo, e a história deixa de ser dividida em dois planos e passa a ser um único universo. Mas essa segunda versão só existe na minha cabeça. O nome Aladar foi tirado de uma série húngara de desenho animado, que passou na TV Cultura, chamada As viagens da Família Mézga. Não sei se esse nome possui algum significado especial em húngaro, mas eu quis atribuir um sentido: aquele que canta o humano, ou a alma humana. Enfim, aí estão eles:
Canto num salão vazio
Onde um dia houve rei
Canto ao salão sombrio
Canto a toda minha grei.
Velhos castelos evoco,
Cavaleiros e princesas.
Cantarei o branco floco
E as trevas das profundezas.
Tempestades e dragões,
Sonhos doces e tormentos,
O passar das estações,
Tantos outros sentimentos...
Aladar
Um forasteiro
uma canção
a voz que fala
a alma que inventa
sem sentimento
nenhum além
de ser e criar
como se é
como se vive
como se sente
e não apenas
como se vê.
E ser assim
ser para sempre
apenas ser.
Ialla
Esse amor que só tu tinhas
pela vida, pelo mundo
e pelas coisas que crescem;
e as habilmente forjadas
pelo amor e pela arte,
tão humanas quanto tu.
Agora que estão teus olhos
fechados pelo cansaço
que se arrasta pelos dias
como vais amar aquilo
que já não sentes, não sabes?
Agora só canta a memória.
Deixa a terra envolver-te
fecha os olhos
para sempre
Silencia.
Um comentário:
Me lembrei de Dom Quixote! Os 2 primeiros... o último também não me fugiu à comparação, Dulcinéia.
Apenas uma lembrança, não necessariamente semelhança.
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