Essa é uma breve parábola escrita por Owen Barfield no livro Poetic Diction, sobre as teorias empiristas e idealistas do conhecimento.
Era uma vez um automóvel muito grande chamado Universo. Embora não existisse ninguém que não estivesse a bordo, ninguém sabia como ele funcionava ou como operá-lo, e no correr do tempo dois problemas bem diferentes ocuparam a atenção de dois grupos diferentes de passageiros. O primeiro grupo ficou interessado em invisibilidades como combustão interna; mas o segundo grupo disse que a coisa a se fazer era empurrar e puxar as alavancas e descobrir por tentativa e erro o que acontecia. As palavras 'combustão interna', eles diziam, eram obviamente sem sentido, porque ninguém nunca havia empurrado ou puxado qualquer dessas coisas. Por um tempo ambos os grupos concordaram que o conhecimento de como aquilo funcionava e o conhecimento de como operar aquilo eram intimamente conectados um com o outro, mas, no fim, o segundo grupo começou a sustentar que o primeiro tipo de conhecimento era uma ilusão baseada no mal entendimento da linguagem. Empurrar, puxar e ver o que acontece, eles diziam, não eram meios para o conhecimento; eles eram conhecimento. Esse era um estranho tipo de carro, porque, depois que o segundo grupo tinha, com evidente e gratificante sucesso, tentado empurrar e puxar todas as alavancas grandes, eles começaram com algumas das menores, e o carro era construído de tal forma que quase todas elas, qualquer que fosse outro efeito que tivessem, agiam como aceleradores. Enquanto isso, o primeiro grupo segurava sua respiração e começava a pensar que seu tipo de conhecimento podia talvez ser útil após o desastre.
BARFIELD, Owen. Poetic Diction: a study in meaning. Middletown: Wesleyan University Press, 1973. p. 23-24
Se gostou, leia aqui a tradução do "Prefácio" por Howard Nemerov, a essa mesma edição publicada nos E.U.A.
Se gostou, leia aqui a tradução do "Prefácio" por Howard Nemerov, a essa mesma edição publicada nos E.U.A.
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