Quedlinburg |
Andando por essas ruas mais velhas que meu país, tão carregadas de história e de histórias, é cada vez mais difícil não se sentir um tanto esmagado pelo tempo. Cada centímetro desse lugar tem pelo menos umas quinze histórias para contar: de desespero, tristeza, revolta, dor, ódio e até de esperança! Tudo isso, de uma forma ou de outra parece cair sobre os ombros do povo, que, inconscientemente, não anda; apenas marcha. Firmes e decididos como soldados, aparentemente, oferecendo o seu melhor, sem preguiça e sem descanso... sem preguiça e sem descanso.
Os sorrisos existem. Raros, nublados, às vezes indecifráveis. Mas existem. Até para nós, os estranhos.
Estranhos a esse mundo estrangeiro, que nos recebe e nos intimida. Onde escreveremos algumas anedotas particulares, bem menores que um ponto no longo texto dessa história, que se entrelaça até nas asas dos corvos, sempre vigilantes, atentos a nossa queda, enquanto só podemos vê-los voar.
E de pensar que meus heróis andaram por essas ruas, tocaram essas paredes, preencheram esses espaços, agora vazios. E pensar que meus heróis... eram apenas humanos, que sentiam fome, sede, reclamavam da vida e, ainda assim, enchiam o mundo com as coisas mais belas de que já se ouviu falar! E eles eram apenas humanos!
Mas a história que se respira aqui não é a desse tempo. É bem mais nova, aliás. Mas é uma história de que as pessoas se lembram. Um mundo do qual nós só ouvimos falar, carregado de medos e vontades, mais desejos que necessidades; desconfiança; segredos. O pensamento escondido, dizível, mas não dito.
E qual é a minha história diante disso tudo. Minha história insignificante de desencontros e saudades. Lugares que lembram pessoas, que pertenceriam mais àqueles lugares do que eu. E ser soterrado pela própria memória, dos sorrisos e dos beijos não dados, da despedida que nunca existiu, da ânsia por um reencontro, de toda a mágoa contida e que nunca terá vazão. O grito de ódio, transformado em um brilho triste do olhar, a lágrima que não sai, não lava o rosto nem a alma. E todos os sorrisos, irrefletidos e insinceros. Alegria insistente e desonesta, apenas necessária para uma mísera sobrevivência.
E todo esse ruído? O falar demais com pouco a dizer. A força incessante que me tira dentro de mim. O paradoxo do medo e da necessidade de se estar sozinho. Nunca conseguir estar com quem se quer estar.
Silêncio, porém, insuportável.
A história dos outros e a minha história são ambas incompletas.
2 comentários:
FODA! E vamos continuar a escrever as nossas histórias!
Nenhuma história é insignificante.
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