quarta-feira, setembro 23, 2009

Vamos todos ser professores

Fato: moramos em um país onde o profissional da educação é, em geral, desvalorizado, a despeito de sua indiscutível importância. Diante desse fator, associa-se ainda a questão da qualidade do ensino, ao mesmo tempo em que se busca desesperadamente encontrar os culpados pela má (ou péssima) qualidade geral do ensino, que leva o governo a tentar mascarar a crise simplesmente baixando os padrões de exigência dos alunos.

O interessante disso tudo é o programa de incentivo lançado pelo MEC para convencer as pessoas a se tornarem professores.



Repare-se que não se fala em plano de carreira, aumento salarial, melhoria das condições de trabalho, tais como escolas limpas e bem estruturadas arquitetonicamente, salas de aula onde se consegue respirar, durante o verão, e outras coisas básicas como essas. E também ninguém comenta que há falta de professores no país, mas nem por isso o profissional vale mais (lembram da lei da oferta e procura?). Talvez exista uma preocupação com o fato de que os alunos mais brilhantes procurem outras profissões, ligadas às áreas da biologia, do direito ou da produção tecnológica.

Ainda sobre o comercial, também não é necessário comentar que não somos a França, nem a Alemanha, nem a Coréia, nem a Finlândia, países que, digamos, tem um pouco mais de história do que nós. Mas não é desculpa, só precisamos criar uma nova disposição mental, de modo que o ensino e o profissional da educação sejam valorizados. Por exemplo:


Bem, aqui temos uma propaganda e uma reportagem, uma quer te convencer e outra te informar. Mas qual convence mais?

domingo, setembro 20, 2009

Ossos com farofa


Não, o Ideias Modestas não vai ensinar a fazer qualquer tipo de trabalho em encruzilhada ou coisa parecida. É que há algumas coisas no mundo pop que são realmente engraçadas.

Provavelmente vocês já devem ter visto um adesivo com essa caveira colada em algum carro velho circulando por aí. Ou você mesmo colou uma dessas no seu caderno, fazendo o maior sucesso na escola quando tinha lá os seus treze anos, mas nunca soube de onde veio essa “assustadora” figura.

Bom, a banda chamada The Misfits não é, de fato, tão popular quanto seu mascote ossudo, mas, vez ou outra tem suas aparições na MTV com clipes assustadores e outras coisas que não tem nada a ver com música, mas que a MTV consegue sempre arrumar um bom motivo para mostrar.

Mas, vejamos: uma banda chamada The Misfits, ou “os desajustados”, nome que vem de um filme com participação da Marilyn Monroe; visual de caveira; muita maquiagem e um som que parece pesado, mas não é tanto assim, tendo até direito a uns “Ôôôô, ôôôs”... Fórmula bem conhecida, não acham?

Parece que, pelo menos nisso, os considerados fundadores do horror punk foram originais e fizeram escola, com Nine Inch Nails, Marilyn Manson (ligação interessante não?), sem falar de todas as emotividades atuais.

Já que dizem que eu escrevo muito, fico por aqui. Assistam ao clipe, deem risada, depois procurem alguma coisa realmente boa para ouvir!




Notas:
1) aqui eles até que pegaram um pouco pesado, mas a farofada deles é brava;
2) esse post é para comemorar a ultrapassagem da marca de 666 visitas.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Então... quem faz Letras é...

Post dedicado aos meus colegas de curso

Após um certo tempo de ausência, volto com um assunto, talvez, nada modesto, mas muito incômodo para mim.

Formei-me ano passado com os pomposos títulos de bacharel e licenciado em letras. Porém, na prática, o que isso quer dizer? Bom, a parte do licenciado é bem fácil de responder: posso ser professor. É claro que, nesse ponto, deve-se desprezar o fato de que minha formação pedagógica foi feita por pessoas que, embora tenham feito seus doutorados nos EUA, na Inglaterra e na França, jamais pisaram numa escola pública e trabalham apenas com ideais de aluno, organização administrativa e espaço físico, elaborando teorias fantasiosas de como é o jeito certo de dar aula.

Talvez seja por esse motivo que a classe dos professores anda tão por baixo, afinal, além desses professores velhos, mas inexperientes, eles devem lidar com toda uma camada de economistas, jornalistas e “etecéteras”, que sabem tudo, e absolutamente tudo, sobre educação! Para não falar dos pais que sempre consideram seus filhos uns anjinhos!

Entretanto, a pergunta que não quer calar é: o que faz o bacharel em letras?

Ao contrário da maioria das profissões respeitadas, o bacharel em letras carece de um nome que designe sua profissão, algo bem irônico para um curso que lida essencialmente com palavras. Note-se que as outras profissões têm a alegria de ter seu próprio nome! Por exemplo: quem faz medicina é médico; quem faz engenharia é engenheiro; quem faz jornalismo é jornalista; quem faz administração é um administrador; quem faz pedagogia é pedagogo; quem faz publicidade e propaganda é publicitário, quem faz direito é... ops! Se não passar na OAB fica no limbo dos profissionais desencaixados...

Mas, voltando ao assunto, poderíamos ter muitos nomes para designar nossa profissão, tais como letreiro, letrista, letrado, letrador, letrante, letrário... alguns até prefeririam o termo “literato”, que soa bem chique, dando um verniz cultural bastante raro àquele que o carrega. Esperto mesmo foi o pessoal da linguística que criou uma área própria e se chamou de linguista, apesar de que a maioria das pessoas acha que linguista é aquele que sabe muitas línguas.

Antes de continuar, devo explicar o porquê desse tópico. Depois da celeuma causada em torno da queda da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, simplesmente achei que seria mais do que justo refletir sobre o curso que fiz. Ainda mais pelo fato de que tanto nós quanto os jornalistas trabalhamos primariamente com o mesmo material: a palavra. Mas a grande diferença é o acesso ao discurso.

Exemplifico. Já imaginaram o quanto é desagradável ver aquilo que você tanto preza ser tratado com descaso, seja por maldade, preguiça ou pura ignorância? Pois é o que frequentemente acontece com a literatura. Nada mais triste do que ver o que se publica em jornais e revistas não especializados. Agora, por que não chamar alguém que estudou aquilo para falar sobre?

Durante os quatro bizarros anos de nossa existência universitária estudamos linguística, literatura, pelo menos uma língua estrangeira e um pouco de sua literatura, temos que correr um pouco atrás de história, para entender os movimentos literários etc. Apenas na seara da literatura, temos que lidar com três tipos básicos de texto: poesia, teatro e prosa. Na parte de língua portuguesa, além do tradicional gramatiquês que a gente deverá ensinar na escola, a semântica e a retórica se apresentam como matérias bastante interessantes.

Bom, acho realmente uma pena que não tenhamos disciplinas como um creative writing, por exemplo, ainda mais se considerarmos que boa parte dos ingressantes em letras gosta de escrever e arrisca até suas próprias narrativas e poemas... Estudamos muito o que os outros fizeram e somos incapazes de dar forma às nossas próprias criações, sendo cada vez mais chutados para o mal valorizado trabalho escolar.

Todavia, deve-se considerar que à essa formação bastante ampla, somam-se ainda os talentos (ou destalentos) individuais de cada um, como o interesse por música, cinema, artes plásticas e afins, campos que parecem de especial interesse da semiótica.

Então, por que não temos a nossa voz?

Ah! Não quero ser só um repositório de palavras ou de regras gramaticais... não me perguntem sobre o acordo ortográfico... também sei pensar! E leio muito mais entrelinhas que a maioria das pessoas.

Aviso aos que quiserem entrar no mundo das Letras: penetrem surdamente no reino das palavras, abram seus ouvidos, encantem-se, e saiam mudos.

sábado, setembro 12, 2009

Ausência...

Cabeça cheia de ideias, mas pouco tempo para por em prática. Volto muito em breve.

Obrigado ao professor Zé Pedro por falar do meu blog no último Oxouzine! Pena que não acertou o nome. Mas tá valendo!